A vida incomum de Dorothy Eady: sacerdotisa ou louca? (cap. 2)
Aos 31 anos, finalmente Dorothy estava vivendo seu sonho! Morando às sombras das ruínas de Gizé, situada nas cercanias do Cairo, ela se sentia deslumbrada com sua nova rotina. Passava as noites em claro, queimando incenso, rezando para os deuses da antiguidade e fazendo oferendas à Esfinge. Tantas horas do dia ela gastava perambulando em torno das pirâmides, que acabou sendo notada pela equipe de arqueólogos que trabalhava nas proximidades.
Salim Hassan era o arqueólogo responsável pelas escavações em Gizé. Ele havia acabado de ser escolhido para chefiar o Serviço de Antiguidades do Egito, que controlava os monumentos do Vale do Nilo. Logo que a conheceram, ele e sua equipe ficaram impressionados com o conhecimento de Dorothy sobre a arte e a linguagem do Egito antigo e a convidaram para se juntar ao time. Apesar de não possuir educação formal, ela era uma mulher energética e vivaz que passou a contribuir com o Dr. Hassan na sua pesquisa. Além disso, tornou-se uma escritora talentosa, que produzia ensaios, monografias e livros de valor científico.
Quando a equipe do Dr. Hassam partiu, ela foi imediatamente empregada por um outro arqueólogo que trabalhava na região. Todos admiravam esta mulher excêntrica, porém discreta, que não compartilhava suas experiências sobrenaturais, a não ser com seus amigos íntimos. Se hoje conhecemos sua história em profundidade, é graças ao fato de que ela registrava todos os acontecimentos do dia em seus diários.
As histórias sobre a vida incomum de Dorothy, sempre cercada de pesquisadores e peões, logo chegariam aos ouvidos da família de seu ex-marido, fazendo com que ela perdesse a guarda de seu filho aos 35 anos. Ela ainda teria de aguardar mais alguns anos para viver de acordo com suas próprias idéias. Ela, que passou toda sua vida cerceada pela autoridade de seu pai, de seu marido e de seus colegas de equipe, apenas conquistou sua liberdade com a chegada da menopausa, aquela fase da vida em que as mulheres se tornam invisíveis e o mundo se esquece delas.
Quando chegou aos 52 anos, Dorothy finalmente conheceu Abydos, a cidade de seus sonhos, onde ela acreditava ter nascido e sido criada em sua vida passada. Ela chegou a essa cidade em uma noite de lua cheia, e imediatamente se dirigiu às portas do Templo de Sety, onde passou a noite queimando varetas de incenso e rezando para os deuses Isis e Osiris, iluminada apenas pelos raios de luar que filtravam entre as copas das palmeiras. Em toda a sua vida ela jamais tinha experimentado um momento mais carregado de magia do que aquele!
Quatro anos mais tarde, ela se mudaria de vez para Abydos, instalando-se em um casebre ao lado das muralhas do Templo de Sety. O povo logo passou a chamá-la de Omm Sety, a mãe de Sety. Contudo, as histórias daquela mulher que dizia ser a reencarnação de uma sacerdotisa do Templo de Sety irritavam profundamente o inspetor chefe do Departamento de Antiguidades. Decidido a desmascará-la, ele a conduziu ao templo em uma noite escura. Este templo, que até então jamais tinha sido visitado pelo público, nem exibido em publicações científicas ou revistas populares, permanecia um mistério para todos.
Quando os dois entraram no templo, o inspetor lhe propôs o seguinte jogo: ele faria uma breve descrição dos desenhos esculpidos em uma parte do mural e ela localizaria no escuro estes desenhos. Ele se surpreendeu ao ver que em todos os casos, ela localizou imediatamente o trecho do mural ao qual ele se referia, sem titubear. Isso era um feito absolutamente impossível para alguém como ela, que nunca tinha posto os pés naquele templo!
Em breve, ela passou a participar de cerimônias de cura e magia na comunidade local. Dorothy estava muito bem adaptada à vida entre os mais simples, sendo inclusive capaz de encantar cobras e alimentá-las como se fossem animais de estimação. Alguns a consideravam uma bruxa e tinham medo de seus poderes.
Ela conhecia muito bem o terreno onde vivia, e graças ao seu “sexto-sentido” foi capaz de contribuir enormemente para as escavações arqueológicas feitas no local. No dia em que comentou com seus colegas sobre os jardins onde ela encontrava o amante em sua vida passada, eles retrucaram que ela estava enganada: ali não havia jardins. Ela retrucou que havia, sim, um jardim enterrado ali pertinho, e apontou com seu dedo o local onde eles deveriam escavar. Qual não foi a surpresa deles ao encontrarem o dito jardim! Além da sua localização, ela foi capaz de antever outras feições específicas do jardim, tais como a existência de canais e a posição das colunas.
Dizem que já muito idosa, ela costumava vagar pelo templo tocando algumas pedras específicas, como se procurasse relembrar a sequência exata em que isto deveria ser feito. A quem lhe perguntasse o que ela estava fazendo, ela falava sobre um portal, uma passagem entre dois mundos. Além disso, ela citou inúmeras vezes um Salão de Registros que estaria situado abaixo do Templo de Sety, mas este nunca foi escavado. Seria verdade?
Ao completar 60 anos, a idade da aposentadoria compulsória para os egípcios, Dorothy foi agraciada com um prêmio. Você certamente está imaginado que ela recebeu um bônus em dinheiro, ou um relógio de ouro dado como sinal de agradecimento pela sua valiosa colaboração para os estudos arqueológicos do Vale do Nilo. Nada disso! O que recebeu do governo foi o direito de continuar trabalhando por mais cinco anos. Afinal, o que seria um relógio de ouro para alguém que tinha sido a predileta do faraó?
Quando finalmente se aposentou aos 65 anos, ela passou a receber a magra pensão de U$35, que complementava vendendo artesanato aos turistas e fazendo passeios guiados pelas ruínas. Logo após a sua morte aos 77 anos de idade, as histórias que ela contava sobre sua vida passada foram internacionalmente reconhecidas quando o NY Times disse que ela era um dos casos mais intrigantes e convincentes da história moderna do mundo Ocidental sobre a reencarnação.
Alguns anos mais tarde, um turista reparou acidentalmente nos hieróglifos esculpidos acima de um pórtico do templo, que pareciam representar uma espaçonave e um helicóptero. Também foram identificadas pinturas coloridas que lembravam a bobina inventada por Nikola Tesla para transmitir a eletricidade sem necessidade de fiação elétrica. E, na parede em frente a essa pintura, havia outra que mostrava esta mesma bobina conectada à Barcaça Neshmet de Osiris. Alguns disseram que esta figura parecia aludir ao buraco de minhoca de Einstein, um atalho no espaço-tempo capaz de conectar dois pontos distantes do Universo. Seria este o portal de que Dorothy Eady tanto falava?
Hoje, quando comentam sobre essas descobertas, os arqueólogos chamam a atenção para o fato de que Abydos sempre foi considerado um local sagrado, onde se situava a entrada para o mundo do Além; o local onde Osiris, o deus da vida após a morte e do juízo dos mortos, foi enterrado; um local associado à jornada para outro reino da existência.
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