Vou de Taxi
Eu sou de Porto Alegre, uma das grandes capitais do muuundo. Lá, como em Nova York, os motoristas de táxi tem plena consciência da sua importância na atualização da cultura local. Andar de táxi em Porto Alegre é sinônimo de previsão meteorológica, de análise profunda das últimas táticas adotadas com sucesso, é claro, pelo treinador do Grêmio, de comentários políticos nacionais e internacionais, e de uma descrição detalhada das baixarias do Domingão do Faustão. Minha mãe é expert na arte do diálogo com os taxistas e isso, de vez em quando rende algumas pérolas de conversação que depois divertem a família.Eu achava que esse dom era hereditário, mas uma combinação de tédio com falta de paciência prejudicam o meu desempenho. Há anos atrás, recém chegada ao Rio, eu peguei um táxi na estação rodoviária com um daqueles bandidos que ficavam de tocaia no ponto da Rodoviária Novo Rio. Tive de ouvir o maldito motorista cantar "O menino da porteira" inteirinho no trecho que vai do Centro a Botafogo. Chegando em casa, ainda meio tonta com a cantoria, percebi, enquanto guardava o troco na carteira, que o motorista tinha me roubado 50 reais. Era tática criminosa e eu, ingênua, achando que ele queria me agradar...
Quando eu cheguei a Paris fui logo imaginando que iria treinar o meu parco francês nos percursos de táxi. Ledo engano. Não que o parisiense seja tão antipático quanto reza a tradição. Nada disso. Ele simplesmente passa a te ignorar a partir do momento em que tu declaras o endereço para onde tu estás indo. E tem mais, por pouco dinheiro eles não viram a ignição. Após umas raras tentativas,eu resolvi ignorá-los, pois o serviço dos taxis em Paris deixa muito a desejar... Voltar